domingo, 29 de agosto de 2010

- Eu fico me perguntando às vezes se vai ser sempre assim. Esses sentimentos... Essas sensações... Essas pessoas... Essa angústia. Essa sensação de sobra de espaço. Falta algo , falta alguém. Esse incrível dom de amar o apático.


- Dom, bela palavra para descrever porque sentimos tais coisas. Pode ser apenas dom mesmo, predestinação. Parecemos estar mesmo predestinadas a gostar do efêmero, não gostar, mas sermos inevitavelmente atraídas por ele. Atração, existe?

- Não sei, acho que sim. É assim que tudo começa não é? Por isso mesmo cansei de começos, cansei de fins. Se é inevitável, fica difícil. Eu não queria me tornar amarga , fria . Não queria ter em mim essa apatia repugnante. Mas de que outra forma evitar ? A descrença e a falta de coragem, e a sobra de experiências mal resolvidas, mal sucedidas, só levaram consigo aquilo que eu chamava de esperança. Dói. Não é fácil viver por viver, não queria ser covarde, queria poder acreditar no amor. Ilusão. Não sei se vale à pena ter certeza, falta algo, eu sei, mas dói menos.

- Na verdade eu vivo perdendo. Perdendo palavras. Perdendo pessoas. Perdendo tempo. Ele vai, volta, volta, vai. Isso definha aos poucos. Sempre falta algo, Liz. Sempre repleta de minhas poucas amigas sinceras. Tão parecidas comigo. Você é parecida comigo. Sempre com medo de nos tornarmos frias, amargas, apáticas. Essa intensidade que nos consome, que nos trai. Logo perturbando nossas mentes com idéias insanas. Tudo tão irreal.

-Perder. Já me acostumei, mas isso não faz com que doa menos. Supero com mais facilidade , mas eu sempre fico com a sensação de que tudo que vai , deixa maturidade, ainda que leve um pouco de mim. Somos muito parecidas, mesmo. Basta uma frase pra desvendarmos e entendermos todo nosso contexto. Somos intensas demais Thamara, queremos nos apegar ao que nos parece agradável. Acho que é o que nos faz doer. Sentimos, logo nos entregamos. Verdadeiramente, sentimos. Não ficamos criando fantasias, romances onde só existe ilusão, falta de essência , excesso de futilidade . Não há necessidade em ser algo que não somos só pra usar pessoas como válvula de escape pro tédio .Se dizemos é porque sentimos, nem sempre esperando reciprocidade. E de tudo isso,fica uma certeza. Um cansaço. Uma descrença. Dois cigarros, um pra mim, outro pra você. E uma vontade de ir, de não procurar, de ser encontrada. Um Adeus.

-Um Adeus.




.Palavras trocadas entre mim e Lizandra.

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