segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Empty heart in a cage...

Eu deitava na minha cama, depois de passar a noitada bebendo e andando de bar em bar pela cidade. Eu deitava, e mesmo drogada e bêbada não pegava no sono, apenas passava minutos pensando no vazio que era a minha vida. Pensava nas minhas amigas que namoravam há muito tempo e voltava a pensar na minha incapacidade de manter algo longo e duradouro com alguém. Lembrava das vezes que me senti em pedaços sempre quando algo que eu queria que desse certo ia por água abaixo. Eu passava essas manhãs que eu chegava em casa, não tentando dormir, e sim tentando entender no que eu me transformara. Nessa coisa fria, sem calor, que quase sem expressão, já não demonstrava nenhum interesse por ninguém. Esse ser que já conhecia tanto dos seres humanos e que só via neles pessoas normais, fadadas a cometerem os mesmos erros, destinadas a serem só pessoas. Enquanto acordada, pensava nessas questões, tentando colocar minha incapacidade de me relacionar nos outros, nunca assumindo meu próprio erro. E enquanto dormia, sonhava com o relacionamento perfeito com alguém criado pelo meu subconsciente, que a cada dia se tornava mais perfeito, me distanciando cada vez mais da realidade. E analisando o que tornei, nessa sociedade corrompida em tantos aspectos, só digo que, sou um fruto da inconsistência e loucura desse novo século, em que o relacionamento consigo mesmo é melhor do que com qualquer coisa que seja real e que aparenta mesquinhez, egoísmo, estupidez e ignorância. Minha gaiola é o passado, e eu sou um pássaro preso nela. Às vezes vou de encontro a multidão, apenas para me perder nela.



- Por Thamara Venâncio

domingo, 9 de novembro de 2014

Let me in

Nenhuma fórmula para conviver em sociedade, nenhum parâmetro a ser seguido. Todas as coisas são evidências deixadas pra indicar um caminho que não existe, pois ninguém nunca o encontrou. A dinamicidade, a correria, tudo é muito rápido nesse mundo novo. Tudo é muito superficial, a intensidade é somente subjetiva, ninguém adentra. Sabe-se de tudo um pouco, mas nada muito. A superfície é contemplativa e a profundeza, perigosa. Sabe, não há volta, me perdi lá dentro. A curiosidade e sensação de vazio me fizeram ir longe demais. Eu me perdi, e só me resta viver lá dentro com os poucos que também se aventuraram. Os livros, os filmes, as músicas, são organismos mais que vivos para mim, eles respiram. O contato com eles é intenso, muito mais que com qualquer ser humano, e eles não me empurram para fora, eles me deixam entrar.


- Por Thamara Venâncio

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Inside

Os desencontros que afetam a razão do que poderia ter sido e embaralham a alma em um fato não vivido, a ponto de não saber mais distinguir sonho de realidade, que nela, por sinal, nada acontece. Os eventos cotidianos trazem conhecimento, porém nenhuma forma de contato que pode avivar o toque, nem que seja repentinamente. Os sonhos que mesclam fatos vividos com aquilo que sonho acordada, quando a imaginação flui positivamente, dando um toque romântico até quando te lançam rapidamente um olhar doce. Ela vai além, e molda toda uma situação em que tudo fica bem. E tu sorri. E tu imagina. E tu entristece. Pois ninguém mais a viveu junto de ti. E tu sofre, se sentindo mais sozinha. E o pensamento, reaparece. Nesses teus sonhos. Que já não se distinguem mais. Se é verdade ou imaginação. A perdição do ser se dá na forma de fugir de algo que os assombra, fazendo que cries uma outra dimensão, que resides dentro. Lá dentro. No vazio. É fácil se perder. É fácil criar. Espero que aches o caminho de volta. Os sonhos são confortáveis. Mas não há nada como a realidade. Sinto sua falta. Se resolver voltar, te espero.

- Por Thamara Venâncio.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Vou embora, depois feche a porta...

Eu poderia rir milhares de vezes nessa vida, mas não chegariam a valer os choros que tive. Ser feliz é uma escolha? Ser feliz é um momento, ou você está, ou não. Há certos acontecimentos na vida que te impedem de ser feliz, e são neles que se percebe que a felicidade não é uma escolha. Como posso estar feliz com tantas mentiras? Não quero mais pensar o que se passa na mente dos outros, sinceramente eu cansei de supor que as pessoas são como eu, e que não há maldade nelas, capaz de ferir alguém. Sinto vontade de viver em mentiras, não queria nunca saber a verdade de nada, pois já não acredito mais na capacidade das pessoas se amarem, e as minhas esperanças vão se derretendo cada vez mais. Eu tampo meus ouvidos, e a minha cabeça grita absurdos, eu não quero ouvir, só quero ir embora de mim, como se fosse depois de uma noite de sexo, quando se diz: "Eu vou embora, depois feche a porta". E à partir daí nunca mais se vêem. Vazio.