Parece infantil e talvez seja mesmo, por horas penso
que evolução não está no caminho da maturidade e sim na leveza de uma criança,
na desimportância real dada a assuntos passados. No esquecimento, no desapego e
no sono. Estou sofrendo de uma felicidade consciente, com noção de causa e
conseqüência; conquistada com algum custo, seguidas reflexões e profundas
elaborações. Estou tomada por um prazer calmo, livre de euforia e
precipitações. Para ser sincera, todo esse bem não provém de nenhum
ganho de fato, na verdade é tudo fruto de seguidas perdas. Do abandono de
idéias, conceitos, regras, sonhos e sentimentos. É um completo desapego, até da
idéia que tenho sobre mim mesma, até da ideia do que pensei ser um dia, acabou,
quebrei as minhas regras, fugi dos meus aspectos, me livrei dos meus medos.
Agora, sinto a liberdade como uma permissão à felicidade, como um ato de
descompromisso as cobranças sociais, pessoais e sentimentais. Poucas coisas são
mais agradáveis do que conhecer alguém e poder ser quem você é. Agradar,
desagradar, conquistar, irritar...Ah! Irritar, o adoro fazer, piadas idiotas,
misturadas com humor ácido, gosto disso nele ... Pois o que
importa é abandonar o conceito de parecer ser qualquer coisa que
seja e não ser você mesmo. Não falar seu nome, não comentar sobre trabalho,
religião, nem gostos nem nada...Liberdade! Hoje não quero ser ninguém mais do
que essa pouca coisa que estão vendo. Não tenho passado, nem futuro. Eu não sou
ninguém! Nenhum brilho se perdeu no caminho, sinto-me tão leve quanto alguém
que ama independente do retorno. Sinto-me como um bicho dócil, com algum sono e
muita calma. Estou de bem com todas as partes do meu interior. Meu coração está
calmo e apesar de algum amor presente estar em conflito isso é coisa pouca, tão
pequena que mesmo a considerando, sinto-me em paz. Numa profunda paz.