domingo, 25 de novembro de 2012


"-Até logo ... não foi nada ...
-Meu Deus!
-Até logo ...
Quando a porta fechou-se,
ela ficou ainda um tempo com o sorriso no rosto.
Alçou os ombros ligeiramente.
Foi à janela, o olhar cansado e vazio:
-Talvez eu deva ouvir música."


-De Clarice Lispector, do livro 'Perto do coração selvagem'.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Paz ..



Parece infantil e talvez seja mesmo,  por horas penso que evolução não está no caminho da maturidade e sim na leveza de uma criança, na desimportância real dada a assuntos passados. No esquecimento, no desapego e no sono. Estou sofrendo de uma felicidade consciente, com noção de causa e conseqüência; conquistada com algum custo, seguidas reflexões e profundas elaborações. Estou tomada por um prazer calmo, livre de euforia e precipitações. Para ser sincera, todo esse bem não provém  de nenhum ganho de fato, na verdade é tudo fruto de seguidas perdas. Do abandono de idéias, conceitos, regras, sonhos e sentimentos. É um completo desapego, até da idéia que tenho sobre mim mesma, até da ideia do que pensei ser um dia, acabou, quebrei as minhas regras, fugi dos meus aspectos, me livrei dos meus medos. Agora, sinto a liberdade como uma permissão à felicidade, como um ato de descompromisso as cobranças sociais, pessoais e sentimentais. Poucas coisas são mais agradáveis do que conhecer alguém e poder ser quem você é. Agradar, desagradar, conquistar, irritar...Ah! Irritar, o adoro fazer, piadas idiotas, misturadas com humor ácido, gosto disso nele ... Pois o que importa  é abandonar o conceito de parecer ser qualquer coisa que seja e não ser você mesmo. Não falar seu nome, não comentar sobre trabalho, religião, nem gostos nem nada...Liberdade! Hoje não quero ser ninguém mais do que essa pouca coisa que estão vendo. Não tenho passado, nem futuro. Eu não sou ninguém! Nenhum brilho se perdeu no caminho, sinto-me tão leve quanto alguém que ama independente do retorno. Sinto-me como um bicho dócil, com algum sono e muita calma. Estou de bem com todas as partes do meu interior. Meu coração está calmo e apesar de algum amor presente estar em conflito isso é coisa pouca, tão pequena que mesmo a considerando, sinto-me em paz. Numa profunda paz.