domingo, 18 de dezembro de 2011

She's lost control ..

Equilíbrio. Acordo pensando nesta palavra. Equilíbrio ao andar, equilíbrio ao subir o ônibus, equilíbrio ao atravessar a ponte, equilíbrio, equilíbrio, equilíbrio. Passar todos os dias da semana num trabalho que você não vê futuro, gastar seu tempo em nada que te acrescenta, só diminui. Largar o cigarro porque não te faz bem. Parar de beber pra não se descontrolar, em busca do equilíbrio. Deixar as noitadas de farra por causa do cansaço, porque senão não conseguiria trabalhar bem no dia seguinte. Tudo em busca da merda do equilíbrio na vida. Se tu faz isso, não consegue fazer aquilo, e se não consegue fazer aquilo tem de parar de fazer isso. A sociedade engana, mente, e julga que o certo é fazer o que dizem. Mas a verdade é que não me sinto nada bem com essa filosofia normal de vida.
Que me dêem cigarros, bebidas, drogas, para viver uma felicidade sozinha, que é só minha, mas que mesmo assim é felicidade, pois eu sinto, e se ninguém mais sente é porque não entende, e se não entende que vá embora. Pra quê viver rodeada de pessoas se no fundo eu me sinto tristemente só? Falsidade e encenação não combina comigo. Que se foda o equilíbrio. Só queria comer a presença daquilo que sinto falta, é pedir muito? Mas às vezes o que peço parece ser impossível. E perco o controle. E fumo demais. E bebo excessivamente. Grito. Choro. Porque dói. Eu sei que dói.


Por Thamara Venâncio.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Tristemente triste e só ..

Hoje eu só queria sentar aqui, e escrever nesse diário que não teria se me sentisse tão só, queria escrever que hoje estou triste, e tenho medo de amanhã acordar triste, porque já não me lembro há quanto tempo estou triste, talvez anos?
Anos, tristemente só.
E o mais triste era saber que a solidão é uma escolha, e que eu escolhi ser assim tão só apenas por medo de tentar de novo, porque dói quando não dá certo, e eu tenho tanto medo de me ver destroçada novamente, e me enfiar de novo no vazio da solidão mais uma vez, com um furo a mais no peito, sabendo que talvez seja predestinada a ser assim mesmo tão só.
Mas o que mais dói não é a  certeza, o furo no peito, e sim as lembranças, de algo que começa bonito, clarinho, bem limpinho, mas termina feio, escuro e sujo.
As lembranças que deixam um vazio no peito, parecendo que tudo não passara de ilusão, pequena encenação de marionetes num teatro, totalmente desprovidas de sentimentos.
Eu não sei o que pensar, até isso parece doer. A cabeça martela tentando encontrar uma saída, uma resposta, mas ela não há.
Sou forte, mas não lido bem com perdas, e nunca vou lidar, e por medo de perder eu procuro não me envolver, mas chegará o dia que não terei nada a perder e é nesse exato momento que prevejo as coisas ficarem pretas.
Tá vazio? Tá.
Tá doendo? Tá.
Mas ficaria pior se acontecesse de novo.
E eu luto para que isso não se repita.
As lágrimas são minhas, e sou eu quem decido se elas rolarão ou não.
Nenhuma alma tem o dom de saber o que a outra já passou nessa vida ou em outras, por mais que se conheçam.
Por isso não julgue, não difame.
Eu escrevo para tentar tirar o peso, poderia até começar aqui com um 'querido diário' à moda antiga para soar mais bonitinho e puro, mas não há nada de bonito nisso, parece mais uma maldição de ter que desabafar em algo, qualquer pedaço de papel com uma porcaria de lápis qualquer, apenas pra desabafar, mesmo que ninguém veja, mesmo que você não veja. Pois somos tão jovens, e já desaprendemos a amar tão cedo. Porque o que parece ficar na verdade são só os maus momentos, os bons viraram fantasias, e estão nas histórias que contam para crianças dormir.

Por Thamara Venâncio.

domingo, 4 de dezembro de 2011

O encanto da conquista ..

Gritarias, escândalos, brigas, disputas, competições. Esta última sempre foi e sempre será a coisa mais ridícula diante meus olhos. Sempre quando me vejo no meio de uma dessas me retiro, não quero ter a sensível e relutante sensação de que fui apenas mais uma delas, e tampouco participaria de uma, jogaria baixo, passaria cartas debaixo da mesa pra ganhar uma. Competição, será que nunca entenderão que só se consegue ter ao lado aquilo que cativas? Não adianta correr atrás, fingir ser o que não é, tentar agradar de várias formas, quando se perde algo é melhor tirar o time de campo, porque já era, bau bau, escafedeu-se, foi-se embora, perdeu pra outra, e não adianta pintar a cara, se encher de brilhos falsos, meter aquela roupa curta no corpo só pra tentar ficar mais bonita, porque não adianta, se o que ele sente pela outra que conheceu a dois dias é mais forte do que nem chegou a sentir por você em meses, como entrar nessa competição? Pessoas não estão nessa linha de disputa, ou você as cativas ou não, se você o ama e ele não, fazer o quê? Bater o pé, espernear, choramingar nessas horas não adianta. Tente amenizar a dor sendo amigo. É idiota quem acredita na velha e chata história de que ex ficantes apaixonados não podem ser amigos, coisa chata cheia de blá blá blás, chega uma hora que tem de crescer a mente, mostrar mais desenvoltura com os pensamentos, isso aí na sua cabeça não é só massa não, é feita pra pensar e usar pra se aplicar na vida real, é lindo ter um mundo cheio de fantasias imaginado só por você, mas e daí? Vai ficar nisso pro resto da sua vida garota? Tu não cansas de se sentir vazia o tempo todo? Faça do seu mundo real, use de seus aplicativos para conquistar, antes que apareça outra que tome o seu lugar, mostre que você tem valor e merece ser no mínimo respeitada, façam que te enxerguem, tire essa capa de invisibilidade que tu criaste, e conquiste. Pois sim, há uma grande diferença entre competir e conquistar. Pois aquilo que conquistas não se vai, tu se tornas eternamente responsável. Tenha o prazer de poder proferir estas palavras: Eu conquistei/Cativei. E sinta o encanto de tais.




(Usando da filosofia de Antoine de Saint-Exupéry)



Por Thamara Venâncio.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Iniciação ..

Há dias que parecem estar tudo de cabeça para baixo. Os maus olhares, as intrigas, a inveja, faz com que creias que todos os seus sonhos são uma verdadeira farsa. Daí tu perde o brilho, as esperanças, a fé, e se desespera achando que não vai conseguir, e ao pensar nisso esta dando um passo para trás e atraindo forças negativas para sua alma, fazendo com que não consigas realizar aquilo que deseja. É assim que funciona a maldição das más línguas. Tu tens que saber que nasceu predestinado, e enquanto não cumprir sua missão cairá em desespero, tens que lutar, vencer, ser guerreiro, pois a vida não é fácil, e os obstáculos que temos que enfrentar diariamente que nos julgará se somos fortes o suficiente para ter a dádiva de ser completo, de ser cheio de magia. Busque em si sua essência, siga o fio da vida pra abranger os caminhos certos e não se deixe levar por forças obscuras, negras. Use seu intelecto e observe que pessoas que se deixaram levar por este lado não conseguiram o que queriam e tampouco tiveram um final feliz. O universo é misterioso, nem sempre temos as respostas para o que procuramos, mas podemos procurar por elas e tentar responder o máximo que pudermos, e deixar para aqueles que buscam nosso mesmo caminho, o da luz. E foi o que os grandes Gênios da Humanidade andaram fazendo, buscaram respostas para suas perguntas, e deixaram um grande acervo delas na História de nosso planeta. Perder tempo com futilidades é bobagem, há tanto a ser descoberto, tanto a ser desvendado. Se não encontro minha alma gêmea e tampouco consigo me encaixar nesse mundo, porque perder tempo procurando/tentando? Sendo assim, a partir deste momento me deixo consumir pelo aquilo que mais amo, me entrego totalmente ao poder da magia. Que as forças iluminadas deste lugar me guiem para encontrar o que procuro, e peço que os anjos me protejam nessa minha infinita jornada, vida após vida. Para todo o sempre.





Por Thamara Venâncio.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Transbordando ..

"Eu pensei em dizer a ele que esvaziasse sua xícara e me deixasse entornar, gota a gota, o meu chá. Uma pena ele ter se esquecido de limpar o fundo, no qual sem querer li a borra que ficara. Eu acabei me misturando, mesmo com aquela porção de outros sabores que já estavam ali. Eu pensei então que queria que fosse recipiente limpo, vazio... mas eu já o tinha aceitado impregnado de essências... Talvez seja só saudade, nostalgia... vontade de voltar, jamais, eu apenas queria te beber mais um pouco, ler a sua mão, adivinhar teus pensamentos e provar o teu gosto só mais uma vez. Não por orgulho, você sabe... e sim porque aquelas músicas nunca mais me fizeram sentir. Era só uma porção de matéria em órbita e que vez em quando escondia minha lua... mas nunca tinha sido um sol, talvez um começo disso... quem sabe uma explosão-quase-estrela? Tanto faz. Só quero te ter em mais uma noite de lua cheia, com a chuva escorrendo lenta pela janela, pra te mostrar que o que ficou em mim não tem semelhanças com dor, mágoa, tampouco amor e  desencanto, talvez seja paz, e uma sede insaciável de te possuir, uma última vez. Isso é mais que uma promessa, pode chamá-la de profecia."



Café por Lizandra Lima e uma colherinha de açúcar por Thamara Venâncio.

sábado, 8 de outubro de 2011

Meu muro ..

Totalmente inerte, vencida pelo cansaço, era assim que me sentia, fora os pesadelos que me tiravam o sono me fazendo ficar acordada até tarde. Caminhei pela casa e me assentei na escada da varanda e me pus a contemplar as estrelas, a lua estava fora do meu campo de visão. Peguei o isqueiro, acendi o cigarro, traguei, tossi. Uma alma pesada num corpo leve. Muitos pensamentos guardados num local pequeno demais. Assim como livros encurralados numa pequena estante, amassagados, sem vida, esperando uma brecha para se libertarem. Escorpianas passam sua vida tentando entender as mentes alheias, li outro dia, não me lembro aonde. Quem se importa se tento ou não decifrar o que se passa na cabeça dos outros? Pois digo que poderiam me dar milhares de vidas que não conseguiria. Eu não penso igual a eles, eles sequer imaginam o que se passa na minha mente. E isso é tudo. Quem sabe não é melhor assim? Vou continuar com meu muro, comigo de um lado, e eles do outro. Não quero perto o que não entendo. Já me fizeram tanto mal um dia. Mas não sou de guardar rancor, tento tanto ser sempre a mais compreensível, aquela que guarda as dores para si e alivia os erros dos outros, tento. Obrigo-me a ser por vezes, por poucas vezes aquela que veta. Aquela que cansa, aquela que escreve um ponto final. Não sou do fim. Eu crio laços, eu gosto, eu amo tão profundamente que não sei medir perdões. Tudo parece valer um sacrifício maior do que seria possível. Tudo parece ser feito para esquecer. E eu mais pareço uma manteiga derretida diante daqueles que deveria sentir ódio ou raiva. Não consigo. Mas também não devo mais me juntar a eles, por isso o muro. Eu não quero mais me sentir como se estivesse sempre errada, por mais que achasse estar fazendo o correto, mas o correto não é bem visto nos olhos deles. Então para mim não serve. Eu não queria ser tão sensível, não queria entender as entrelinhas, mas Deus me fez diferente, e me julgam ser estranha. Dói, mas a dor é um sentimento que insiste em passar. E passa.



Por Thamara Venâncio.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Tempestade de almas ..

Diga-me por favor que horas são para eu saber que estou vivendo nesta hora.


Nada mais tenho a ver com a validez das coisas. Estou liberta ou perdida. Vou-lhes contar um segredo: a vida é mortal. Nós mantemos esse segredo em mutismo cada um diante de si mesmo porque convém, senão seria tornar cada instante mortal.

Mas se não compreendo o que escrevo a culpa não é minha. Tenho que falar pois falar salva. Mas não tenho uma só palavra a dizer. As palavras já ditas me amordaçaram a boca.

Hoje é dia de muita estrela no céu, pelo menos assim promete esta tarde triste que uma palavra humana salvaria.

Abro bem os olhos, e não adianta: apenas vejo. Mas o segredo, este não vejo nem sinto. O futuro é meu enquanto eu viver. No futuro vai ter mais tempo de viver, e, de cambulhada escrever. Eu não escrevo cartas pra você porque só sei ser íntima. Aliás eu só sei em todas as circunstâncias ser íntima: por isso sou mais uma calada. Tudo o que nunca se fez, far-se-á um dia?

Vejo as flores na jarra: são flores do campo, nascidas sem se plantar, são lindas e amarelas. Mas minha cozinheira disse: mas que flores feias. Só porque é difícil compreender e amar o que é espontâneo e franciscano. Entender o difícil não é vantagem, mas amar o que é fácil de se amar é uma grande subida na escala humana. Quantas mentiras sou obrigada a dar. Mas comigo mesma é que eu queria não ser obrigada a mentir. Senão, o que me resta?

O monstro sagrado morreu: em seu lugar nasceu uma menina que era sozinha. Bem sei que terei de parar, não por causa de falta de palavras, mas porque essas coisas, e sobretudo as que eu só pensei e não escrevi, não se usam publicar em jornais.




Por Clarice Lispector.

domingo, 18 de setembro de 2011

Saia de casa ..

Porque isso é uma espécie de tudo e não é nada. Quero dizer, quando eu penso em minha vida e quem eu sou, eu acho que estou apenas lutando para acreditar em tudo, sabe? Que as coisas boas vão acontecer a pessoas boas, que as coisas irão funcionar, que ficará melhor. Me perguntaram o que me dá medo a ponto de me deixar assim. Falha. Eu acho. Todos nós lutamos. É parte da vida. Faz parte do viver. Eu não tenho ninguém que pode me ajudar enquanto luto, e essa é a pior parte: a solidão. A esmagadora e escura solidão, que me faz sentir como se não existisse mágica no mundo. Eu sei que o futuro é assustador. Sei que o mundo pode ser ameaçador. Mas devo saber que às vezes quando as coisas parecem mais desesperadas, pessoas me encontrarão. A ajuda está lá fora. E eu não estarei sozinha.




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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Atrasa ..

A pressa de querer beber tudo num gole só. Há pressa.
Apressa por favor,
os dias que passam devagar
enquanto eu teimo em não esquecer seu rosto.
Apresso-me em maneiras de fazer você se lembrar do meu.

Tudo que chega-me e de certo me encanta, não persiste.
Não fica.
Tudo aquilo que faz meus olhos brilharem tem pressa de partir.
Adianto o adeus, quase imploro para ouvir um tchau que eu mais gostaria que ficasse.

Fica de uma vez.
Eu sou de criar laços,
De perder tempo
E o jeito.

Eu devo ter feito tudo errado,
Eu sempre faço tudo errado.

Dou-te uma borracha
E mais uns dias.

Atrasa por favor,
Esse tempo que me faz esquecer de tudo e de todos.
Eu não quero esquecer.


P.F.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Estado vegetativo da alma ..

Estou em um estado emocional vegetativo, em que nada me entretêm.

Minha alma se desprende do corpo e vaga por aí, perambulando, tentando encontrar respostas que não sei se existem.
Meus olhos se paralisam em estado de choque e as lágrimas se desprendem. Numa espécie de espanto noturno.
A culpa, a decepção, a falta que sinto me pisam tão profundamente que parece esmagar cada pedaço do meu corpo.
Esse nó que se atou em meu peito só é desfeito por alguns segundos em contato com alguém em especial, mas depois ele se ata novamente, embrulhando a boca do estômago.
Essa bebida amarga que degusto só me aumenta essa dor, aperta, espreme, tirando toda gota de lembranças boas.
Já não me lembro delas.
Não me lembro de nada.
Me cansei das palavras, mas estou repleta delas.
Me cansei das bebidas, mas me parecem a única solução.
Me cansei daqueles que me fizeram sofrer, mas estou rodeada deles.
É como viver cada dia da tua vida tentando esquecer, e tendo que conviver com aqueles que te fazem questão de lembrar.
Fazem questão de esfregar na tua cara o que tu realmente é.
Apenas mais uma em bilhões de pessoas que não consegue se adaptar neste mundo.
Tendo que explicar a estes tolos os motivos de seus risos, de suas lágrimas.
Mas a verdade é que, se eu contasse ninguém entenderia.
Se eu contasse, ninguém se importaria.
Se eu contasse, eu não me aguentaria.
Assim como uma ampla história que você imagina, mas logo depois esquece.
Como um livro elegantemente encadernado, mas numa linguagem que eu ainda não sei ler.
Pois meu peito ainda sofre por amores vãos.
Meu espanto fora tão grande de saber que eu era, mas acabaria um dia não sendo mais. Esse era meu medo, não ser mais. Hoje só preciso me dopar desses remédios que odeio.
Eu tenho que deixá-los. Eles têm de me deixar. Em paz. Comigo mesma.


Por Thamara Venâncio

sábado, 3 de setembro de 2011

Eu não estou aqui ..

Caí em meu patético período de desligamento. Muitas vezes, diante de seres humanos bons e maus igualmente, meus sentidos simplesmente se desligam, se cansam, eu desisto. Sou educado. Balanço a cabeça. Finjo entender, porque não quero magoar ninguém. Este é o único ponto fraco que tem me levado à maioria das encrencas. Tentando ser bom com os outros, muitas vezes tenho a alma reduzida a uma espécie de pasta espiritual. Deixa pra lá. Meu cérebro se tranca. Eu escuto. Eu respondo. E eles são broncos demais para perceber que não estou mais ali.



Charles Bukowski


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Olá querida,

o anjo do meu pesadelo, a sombra no fundo do necrotério, a vítima insuspeita da escuridão no vale. Podemos viver como Jack e Sally se nós quisermos. Onde você sempre pode me encontrar. E teremos o Halloween no Natal e de noite desejaremos que isso nunca acabe. Sinto a sua falta, onde você está? E eu sinto muito, não consigo dormir, não consigo sonhar essa noite. Eu preciso de alguém e sempre essa doente estranha escuridão vem se arrastando, me assombrando toda hora, e quando eu olhava, eu contei as teias de todas as aranhas, pegando coisas e comendo suas entranhas. Como a indecisão de ligar para você e ouvir sua voz de traição. Você virá para casa e acabar com esta dor essa noite? Acabe com esta dor essa noite.
Não perca seu tempo comigo, você já é a voz dentro da minha cabeça. Eu sinto sua falta.


Blink 182 - I miss you


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terça-feira, 30 de agosto de 2011

O Morituro ..

Por que é que assim, com suas caras imóveis e simiescas, os vivos nos devassam num cínico impudor? Por que nos olham assim – como se fôssemos cousas - quando os nossos traços vão repousando, enfim, na tranqüila dignidade da morte? Por que é que eles, com a sua obscena curiosidade, não respeitam o até mais íntimo da nossa vida - ato que deveria ser testemunhado apenas pelos Anjos? Ah, que Deus me guarde na hora da minha morte, amém, que Deus me guarde da humilhação deste espetáculo e me livre de todos, de todos eles; não quero os seus olhos pousando como moscas na minha cara. Quero morrer na selva de algum país distante .. Quero morrer sozinho como um bicho!

M.Q.


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domingo, 28 de agosto de 2011

A história sem fim ..

E vem você gentilmente me perguntar se estou ocupada, sem saber assim que sou mesmo um pouco voada. É que ainda não me acostumei ao fato de que realmente você apareceu aqui pra me resgatar. Às vezes eu só fico esperando o momento em que você vai embora. Pois você não sabe, mas tenho essa sensação antiga de ser abandonada, deixada pra trás, como das outras vezes. E não tenho também certas esperanças mais, de que você seja feito pra mim e eu pra você, na verdade cansei dessas coisas cheias de sentimentos, expectativas falsas, enganos. Enganos que sofremos ao achar que duraria para sempre, e nada dura. Hoje, mais do que nos outros dias, tá tudo cinza, tudo sem cor, e por mais que eu pinte esses quadros nenhuma cor sobressai. E esses romances que leio não me convêm mais, acabou as expectativas de um final feliz, pois não quero chegar nele. Não vejo dor mais exasperante do que um 'viveram felizes para sempre', não quero ficar presa na página final de um livro, eu quero uma história sem fim, ao lado de quem esteja preparado. E eu ainda não sei se você está, eu ainda não sei se eu estou.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Continuarei a bater ..

Os outros dando um passo a frente e você dando dez para trás. Será que não vê que isto é auto-destruição? É sim, deixe-me te explicar detalhadamente porque bem já sei que é só assim que me entenderia. Sabe aquelas pessoas que colavam de você na escola? Bem, você já parou bem pra olhar que elas estão passos na sua frente, digo, elas estão melhor de vida do que você, emprego melhor, salário melhor, bem casadas, viajando pelo mundo inteiro. Você que sempre sonhara tanto com estas coisas agora está aí, num empreguinho de merda junto com um salarinho de merda e totalmente sozinha, entendeu o que eu quis dizer? VOCÊ ESTÁ SOZINHA! Como você está suportando isso? Logo você que vivia rodeada de gente, sendo mimada até o último fio de cabelo, falando em cabelo, que merda de cor é essa que você anda pintando seu cabelo? Sério mesmo, quando dizem que você enlouqueceu não consigo sequer discordar. Você conseguiu   destruir em um ano o que você levou a vida inteira pra construir, tudo bem, não precisa resmungar, sei bem que ele partiu e te doeu muito, mas você tem que parar pra olhar e ver que ele não era a única coisa boa que você tinha, digo, pára um pouco e olha pra mim, eu quero sua essência de volta, não, não chore, se eu pudesse eu traria ele de volta pra você, trocaria minha vida pela dele, mas eu não posso, a única coisa que está ao meu alcance é assentar aqui e te dizer olhando nos seus olhos que eu não importo se você tem um emprego de merda, um salário de merda, um cabelo estranho, não importo mesmo, eu me importo com você, pois sei bem que tu não é assim, nunca foi, as pessoas dizem que você perdeu o encanto, não é bem o que acho, pra mim você não perdeu nada, pois te vejo inteirinha bem aqui na minha frente, e nem me vem com esse papinho de que quando ele se foi não te restou mais nada além de continuar respirando, não me vem com essa de que você não vai conseguir viver sem ele, não me vem com essas ladainhas de que eu nunca passei por isso, levanta, lava o rosto, enxuga essas lágrimas que parecem que estão grudados no seu rosto desde o ano passado, acorda, pare de sentir pena de si mesma, se não quiser fazer isso por você, que seja pelo menos por mim, ou por ele, porque por mais que eu não o conhecesse sei bem que não gostaria de te ver assim, certo? A gente tem essa mania de não gostar de ver quem amamos tristes, tanto mais despedaçados igual ao que você se encontra neste momento. Eu sei que dói querida, muitas coisas em mim doem também, já passei por muita coisa nessa vida. Não, não vou te contar agora, meu foco hoje é você, porque juro, juro que nunca vi tanto talento desperdiçado entre quatro paredes, tudo bem se tudo o que eu disser a você entrar num ouvido e sair no outro, eu não me importo, porque por mais que você não ligue pro que eu disser eu continuarei a bater o pé insistindo em te lembrar o quanto você é boa, continuarei a bater na sua porta todos os dias se for preciso.......................................Porque eu te digo tudo isso? O porquê d'eu insistir tanto? bem é que ........

quarta-feira, 20 de julho de 2011

.. O silêncio em quatro paredes de um cômodo em breu, as palavras mordendo a solidão são a grande razão, a única razão. Aquilo que se fechou um dia abre. Aquilo que é escuridão pode se tornar luz. Simples faíscas brotarão e você terá amor de novo, era esta tua promessa. Apenas não se desespere, apenas ouve teu coração, ainda está a bater não é? Pois é sinal de que ainda há esperança.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sem peso ...

'Leve, despreocupada e quase desimportante.
Há uma certa apatia nesse novo jeito, nesse novo olhar.
Nem eu mesma o reconheço.
Olho no espelho e nada.
Um olhar que só olha, que apenas penetra, tenta enxergar, mas que não procura mais do que está disponível. Uma alma que flutua tão devagar com a ponta dos pés e sutilmente que quase não é percebida ao se tocar com o chão.
Troco-me, confundo, não me aflijo.
Perco-me e não me importo.
Acho-me e tanto faz.
Como gosto, desgosto.
Às vezes derreto-me.
Por vezes me deixo ser.
Outras horas recolho-me.
Não estou preocupada, não estou aflita e minhas inseguranças e medos são tão bobos que eu até os dou ouvidos. Não me pesam.
Não me importo com nada mais.
Não clamo por salvação, perdão, justiça.
Não é justo, eu sei.
Mas lutar por isso já me rancou tanta coisa boa, que me retiro.
Cansei da densidade.
Do argumento.
Da coerência.'



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sábado, 9 de julho de 2011

Perdendo a batalha ..

'A vida é engraçada às vezes. Pode ser barra pesada, como quando se apaixona por alguém, mas esse alguém se esquece de te amar de volta; ou quando a sua melhor amiga e seu namorado te deixam sozinha; ou quando se puxa o gatilho ou se acende o fogo e não se pode voltar atrás. Às vezes, é mais fácil se sentir como se fosse o único no mundo que está lutando, que está frustrado, insatisfeito, que mal está conseguindo. Esse sentimento é uma mentira. Mas eu não consigo sair dele. Por mais que eu lute e me erga toda vez depois de cair, eu não consigo. Minha armadura é fraca demais. Eu sou fraca demais. Esta batalha está perdida. Mas a guerra ainda não acabou.'


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domingo, 3 de julho de 2011

Fugindo de espaço ..

'Descontrolada e insegura de mim mesma, saio às pressas sem saber ao menos onde pisar. Sei bem que não vou encontrar o que desejo, mas continuo seguindo, com meu pensamento longe daqui. Vou avançando na calçada até o meu destino. Pego o ônibus, ouço reclamações diárias de pessoas estranhas, meto os fones no ouvido, fujo de espaço. Chego em casa, encurto conversas, entro em meu quarto; olho, observo, só pra ter certeza de que tudo ainda está ali. Abro a porta do guarda-roupa e ela ainda range. O livro ainda está sob a cabeceira. Os filmes organizados na prateleira. Tudo em ordem, havia percebido então. Coloco a mão sobre o peito, continua batendo. Levo-as à cabeça, e ela ainda dói. Uma lágrima escorre, nada secou por inteiro. Enxugando-as, visto o suéter velho do meu avô, apago as luzes, deito, fecho os olhos, adormeço e sonho. Novamente em outro espaço, tudo mais calmo e tranquilo.'

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domingo, 26 de junho de 2011

Escrevendo a mim mesma ...

Às vezes parece que meu crânio se aperta, esmagando meu cérebro. Essas lembranças que me atormentam, a imaginação, coisas que nunca aconteceram, mas eu as criei para mim, e elas cismam de ficar aqui me atormentando. Penso que já é chegada a hora de elas me deixarem, pois não quero mais viver fantasias, essas que eu criei quando eram tempos bons. Mas agora eles se foram e eu queria que as lembranças se fossem também. Quero abrir meu peito pra coisas novas, deixar entrar, no coração, na cabeça. Porque estou cansada de fingir felicidade. Como disse antes, não quero ser do tipo que cala o peito. Não quero ficar perdida em páginas em branco. Estou pronta para escrever minha própria história. Nem que seja apenas rabiscos, eu quero estar pronta para isso.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Está escuro aqui dentro ..

DURANTE todo um pesado, sombrio e silente dia outonal, em que as nuvens pairavam opressivamente baixas no céu, estive eu vagando, sozinha, através de uma região surreal, singularmente tristonha, carregada de um espanto sombrio gélido, que passavam rente aos meus olhos. Eu passeava por ali, de mãos dadas com a escuridão, olhando aquelas árvores secas, de aparência cansada. Me perdi por entre elas, entrelaçando suas peles secas com a minha. Havia secado; não era esse o ponto, mas a junção de palavras exatas para defini-la. Desembaraçando a alma para descobrir se era um sonho, examinei mais estreitamente o aspecto real do lugar, não havia. Era mesmo apenas mais um. Uma sensação de estupor me oprimia, enquanto meus olhos se arregalavam lentamente. Despertei logo em seguida. Não havia floresta, árvores, não era sequer outono, não fora de mim.


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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Na falta de palavras, as de outra ...

Sensação estranha de que não sou capaz de coisas tão habitualmente simples para mim. Dessa vez talvez seja diferente. Só não entendo o porque.
Eu não estou a vontade para me perder no outro; não me sinto apta à compreender e consolar (muito embora a mim essa seja uma posição muito natural e o fato de não o fazer seja desconfortante).
Penso estar em um momento despretensioso, mas ao mesmo tempo seletivo e severo. Com paciência para os detalhes, para a delicadeza e para timidez, mas totalmente aversiva à faltas e a excessos. Ambos agressivos para esse meu modo de agora.
Sinto-me capaz de apenas estar ao lado de dois tipos de pessoas, ou o ser leve ou aquele consistente. Ou aquele cheio de sorriso e abraço ou aquele ser admirável de filosofia de atitude. O resto do leque dos tipos de pessoas anda me enojando: As contradições entre postura aqui ou ali, a falta de coragem, a falta de originalidade, as escolhas amargas, as escolhas fáceis, a ausência da alegria no cotidiano e tudo de mais que possa ser fraco e pequeno...Anda me embrulhando o estomago.
Não quero me justificar, não quero precisar vir a entender. Cada qual faz as suas escolhas, reproduz idéias e muda de direção. Eu assistindo à isso, calo-me.
Não me cabe questionar a tudo. Na verdade, não me cabe a questionar quase nada além do meu ser.
Mais uma vez eu chego a conclusão que tanto faz. O que me diz respeito já é tanto e já me dá tanto trabalho que eu não preciso me perder nas faltas e alternância de estado dos outros. Não nego que por convivência, rotina e amor eu estranho certas ausências (certas mudanças), mas sei aliviar o peso desse desconforto com facilidade.
A sensação esquisita que eu estou, circula entre essas questões e se aprofunda em mais outras duas coisas (acho), que talvez eu não saiba ainda dizer.
Sei que para almas opacas eu estou de férias.

P.F.

domingo, 12 de junho de 2011

' As memórias de você me parecem mais como sonho ruins, assim como uma série de borrões, como se você nunca tivesse acontecido.'

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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Esclarecimentos ...

E eu que desconheço esses atos infames que ando cometendo. Não sei bem se é a falta de viver um pouco que me tira a criatividade/vontade de escrever. Tenho passado dias sozinhas demais, e acabei afastando sem querer pessoas que hoje me fazem uma falta danada. Como eu queria fechar meus olhos e em apenas um milésimo de segundo tudo voltar a ser como era antes. Eu não quero seguir dessa forma; não quero me tornar alguém que cala o peito.
Eu não sei o que ando fazendo da minha vida, sei que não podia ter sido mais uma vez tão impulsiva e incoerente.

Está bem, há alguma coerência, mas meu peito sangra e meus olhos não encontram mais a sua alma. Nem a minha.
Não é saudades, não apenas.
Não é tristeza, não só.
É uma angustia, é um medo, uma dor e muitas penas.
As qualidades que me encantam são como cores, cheiros e gestos.
E eu não importo de perder, nasci sabendo que nem sempre iria ganhar.
Hoje, amanhã ou depois posso precisar de um abraço. É difícil seguir sem saber com quem contar.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

E eu rezo ...

"Alguma coisa me despertou de um sonho que eu estava tendo. É um sentimento que eu tive muitas vezes antes. Minhas palavras se partindo e derretendo, meus olhos sem saberem para onde olhar. Todas as coisas que desejei não ter dito são tocadas nos meus lábios até o momento que se torna loucura em minha cabeça. Tudo aquilo que eu continuo pensando ao longo deste vôo é que poderia levar minha maldita vida inteira para fazer isso direito, pois este mastro lascado em que eu estou segurando não me salvará por muito tempo. E quanto mais minha jornada se faz longa, mais me perco, a mim e meus amigos, que já não são os mesmos. E vejo que eles se perdem, mais do que estou me perdendo. Pobre ilusão, salta aos olhos dos puros e conservadores, e corrompe os de bom coração. Enrolados e sem esperança nós tentamos de novo. Até que tudo vire pó."



Please, just save us from this darkness


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domingo, 8 de maio de 2011

Espero que nunca saibas ..

Não pretendo te contar sobre minhas lutas mentais. Você terá nas mãos minha simplicidade e minha leveza, que podem não ser totalmente verdadeiras, mas foram criadas com muito carinho pra não assustar pessoas como você. Não vou ficar falando sobre a complexidade dos meus pensamentos, minha dualidade ou minhas dúvidas sobre qualquer sentimento do mundo. Vou te deixar com a melhor parte, porque eu sei que você merece. Guardo pra mim as crises de identidade e a vontade de sumir. Não vou dissertar sobre minhas fragilidades e minhas inseguranças. Talvez eu te diga algumas vezes sobre minha tristeza, mas só pra ganhar um pouquinho mais de carinho. Ofereço meu bom humor e minha paciência e você deve saber que esta não é uma oferta muito comum.
Se você tivesse chegado antes, eu não teria notado. Se demorasse um pouco mais, eu não teria esperado. Você anda acertando muita coisa, mesmo sem perceber. Você tem me ganhado nos detalhes e aposto que nem desconfia. Mas já que você chegou no momento certo, vou te pedir que fique. Mesmo que o futuro seja de incertezas, mesmo que não haja nada duradouro prescrito pra gente. Esse é um pedido egoísta, porque na verdade eu sei que se nada der realmente certo, vou ficar sem chão. Mas por outro lado, posso te fazer feliz também. É um risco. Eu pulo, se você me der a mão.
Você não precisa saber que eu choro porque me sinto pequena num mundo gigante. Nem que eu faço coisas estúpidas quando estou carente. Você nunca vai saber da minha mania de me expor em palavras, que eu escrevo o tempo todo, em qualquer lugar. Muito menos que eu estou escrevendo sobre você neste exato momento. E não pense que é falta de consideração eu dividir tanto de mim com tanta gente e excluir você dessa minha segunda vida, porque há duas maneiras de saber o que eu não digo sobre mim: lendo nas entrelinhas dos meus textos e olhando nos meus olhos. E a segunda opção ninguém mais tem.


V.H.


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terça-feira, 3 de maio de 2011

Abrindo a cortina ..

'Pintei o cenário
e o coloquei no prumo;
varri a plateia,
arrumei os bastidores.
No camarim, frutas e champanha:
eu seria a personagem principal.
Depois repassei minhas falas,
provei minhas fantasias,
e me pus a chorar:
numa escada invertida,
nem em cima
nem embaixo,
passavam estranhas figuras,
grandes demais para mim.

(Eu andava pelo palco,
sem sapatos nem rumo.)'


Lya Luft


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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Eternamente Ligeia ..

(...)Entretanto, nem por isso sou menos capaz de definir essa sensação, de analisá-la, ou mesmo de ter dela uma percepção integral. Reconheci-a, repito-o, algumas vezes no aspecto duma vinha rapidamente crescida, na contemplação de uma falena, duma borboleta, duma crisálida, duma corrente de água precipitosa. Senti-a no oceano, na queda dum meteoro. Senti-a nos olhares de pessoas extraordinariamente velhas. E há uma ou duas estrelas no céu (uma especialmente, uma estrela de sexta grandeza dupla e mutável, que se encontra perto da grande estrela da Lira) que, vistas pelo telescópio, me deram aquela sensação. Sentindo-me invadido por ela ao ouvir certos sons de instrumentos de corda e, não poucas vezes, ao ler certos trechos de livros. Entre numerosos outros exemplos. (...)


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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Cartas Perto do Coração

"Apenas desejo intensamente que você não avance demais para não cair do outro lado. Você tem de ser equilibrista até o fim da vida. E suando muito, apertando o cabo da sombrinha aberta, com medo de cair, olhando a distância do arame já percorrido e do arame a percorrer — e sempre tendo de exibir para o público um falso sorriso de calma e facilidade. Tem de fazer isso todos os dias, para os outros, como se na vida não tivesse feito outra coisa, para você como se fosse sempre a primeira vez, e a mais perigosa. Do contrário seu número será um fracasso."


De Fernando Sabino para Clarice Lispector


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