quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Descaso..

 Sinto que ter meu coração puro, mente aberta e alma despida foi a receita perfeita para viver sempre em cacos, já até me acostumei.Sempre espero um mínimo de esforço dos outros, sendo difícil entender suas limitações. Preciso controlar isso, sair dessa mediocridade de querer ser importante pra alguém, pois chega a ser doentio, mesquinho. Pois as pessoas não estão acostumadas a amar certo? O que eu vejo são só destroços, daquilo tudo que se doa e não recebem, devolvem. E minha indignação não tem motivo, então quem se importa? Nem eu me importo comigo mesma mais, já passei por muito, o que vier de descaso eu ignoro, mesmo não sabendo fingir. O que pra você pode parecer algo pequeno, bobo, irrelevante, para mim é algo de grande porte, pois admito, tenho medo, e o medo me repreende, eu não quero passar pelas mesmas coisas de novo. Entenda isso, e ignore meu jeito rude de dizer. Ser tratada como segunda opção não outra vez, não. Me dê tempo, que passa.



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domingo, 25 de novembro de 2012


"-Até logo ... não foi nada ...
-Meu Deus!
-Até logo ...
Quando a porta fechou-se,
ela ficou ainda um tempo com o sorriso no rosto.
Alçou os ombros ligeiramente.
Foi à janela, o olhar cansado e vazio:
-Talvez eu deva ouvir música."


-De Clarice Lispector, do livro 'Perto do coração selvagem'.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Paz ..



Parece infantil e talvez seja mesmo,  por horas penso que evolução não está no caminho da maturidade e sim na leveza de uma criança, na desimportância real dada a assuntos passados. No esquecimento, no desapego e no sono. Estou sofrendo de uma felicidade consciente, com noção de causa e conseqüência; conquistada com algum custo, seguidas reflexões e profundas elaborações. Estou tomada por um prazer calmo, livre de euforia e precipitações. Para ser sincera, todo esse bem não provém  de nenhum ganho de fato, na verdade é tudo fruto de seguidas perdas. Do abandono de idéias, conceitos, regras, sonhos e sentimentos. É um completo desapego, até da idéia que tenho sobre mim mesma, até da ideia do que pensei ser um dia, acabou, quebrei as minhas regras, fugi dos meus aspectos, me livrei dos meus medos. Agora, sinto a liberdade como uma permissão à felicidade, como um ato de descompromisso as cobranças sociais, pessoais e sentimentais. Poucas coisas são mais agradáveis do que conhecer alguém e poder ser quem você é. Agradar, desagradar, conquistar, irritar...Ah! Irritar, o adoro fazer, piadas idiotas, misturadas com humor ácido, gosto disso nele ... Pois o que importa  é abandonar o conceito de parecer ser qualquer coisa que seja e não ser você mesmo. Não falar seu nome, não comentar sobre trabalho, religião, nem gostos nem nada...Liberdade! Hoje não quero ser ninguém mais do que essa pouca coisa que estão vendo. Não tenho passado, nem futuro. Eu não sou ninguém! Nenhum brilho se perdeu no caminho, sinto-me tão leve quanto alguém que ama independente do retorno. Sinto-me como um bicho dócil, com algum sono e muita calma. Estou de bem com todas as partes do meu interior. Meu coração está calmo e apesar de algum amor presente estar em conflito isso é coisa pouca, tão pequena que mesmo a considerando, sinto-me em paz. Numa profunda paz.

domingo, 16 de setembro de 2012

Adeus ..

E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação. Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho? Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil. Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus. A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.


-Rubem Braga -Extraído do livro "A Traição das Elegantes".

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Silence ..

E eu continuo não encontrando nada. Só desespero, dúvidas, depressão, crises, noites em tormenta, solidão. A cabeça grita, quase explodindo, é muita imaginação, coisa inventada, que não me deixa em paz. Nada de fato acontece, não na realidade, mas acontece, na minha cabeça. Loucuras criadas por mim, torturas. Nada enfim dá certo. Eu me atrapalho. Me envolvo. Me desespero. Para logo me afastar, fugir, abandonar. Pois o vazio não preenche, no início é um leve sopro de luxúria, com os corpos entrelaçados, se encaixando, ocorrendo tudo bem. Porém depois, nada. Somente a solidão e o vazio. Nada de paixão, muito menos amor. Murmúrios de prazer, o resto é silêncio.



Por Thamara Venâncio.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Única ..

Vivemos tanta coisa ao longo dos dias, que vai passando e vamos nos esquecendo de botar essas vivências entre linhas, sabe, contar um pouquinho como foi, apenas na esperança de que alguém veja um dia e talvez ajude em algo, sei lá em quê, mas esperamos que sirva de alguma coisa, de aprendizado talvez. Queria ser aquela pessoa que saiba descrever minuciosamente os acontecimentos do dia-a-dia, detalhar cada minuto/segundo vivido, descrevendo coisas que no momento parecem ser tão significativos sabe, aqueles gestos, olhares, toques. Parece tão importante no momento, que o que chega a ser importante nunca descrevo, deixo passar. Tanta coisa passa, que parece nada ficar, mas no fundo sei que fica, em algum lugar da memória ela está, a lembrança. Os sabores, as carícias, os cheiros, eles ficam em algum lugar do sentido, esperando serem ativados, para dar vida àquele momento, que um dia fora único. Mesmo que nem todos se lembrem dele, em alguém lá ele está.



-Por Thamara Venâncio

terça-feira, 10 de julho de 2012

Blessed ..

Ela disse que se sentia abençoada, e que era o bastante nesta vida se sentir abençoada de vez em quando. Ele beijou sua cabeça. Ela virou o rosto dele para ela e disse: "Leia para eu dormir."
Sem saber se ela lutou ou não contra o sono, adormeceu. Havia um poema no livro, que dizia: "Você está muitos anos atrasado, como estou feliz em vê-lo."
Ele leu para ela repetidamente, enquanto dormia, pensando: "Mais do que qualquer coisa eu quero te ver feliz garota, retire um glorioso pedaço do mundo inteiro. Protegerei você."

A coisa sobre o amor é que nos tornamos vivos em corpos que não são nossos. Entramos em um novo território. Esperamos nunca mais sair. Esperamos que ele não nos deixe.


      "Você está muitos anos atrasado, como estou feliz em vê-lo." -Ela disse.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Não é nada, é bobagem ..

Bobagem, é tudo bobagem, penso eu. Tenho até vontade de ser na vida aquilo tudo que sonhei calada na minha, sem pronunciar. Vem aquela ânsia de juntar todos os caquinhos nos quais já me despedacei, porém não sei se valeria a pena juntar. É bobagem. Sinto até falta das faltas que me faziam sofrer, por saudade de sentir algo novamente, e fugir um pouco desse 'nada'. Sinto saudade do que vivi, sem saber ao certo se era mesmo bom, ou se, em outros casos, era mesmo tão dolorido. Queria saber se sou capaz de sentir novamente, o que sentia antes. Encontrar em outros eu mesma, pra ver se me acho, escondida, em alguém que passou e levou, esquecendo de me trazer de volta. Eu me perdi e perdi tantos outros, que não me encontro mais, nem em mim, nem em nada. Eu me cansei do nada, do vazio, da falta de sentimentos que me faziam sofrer, mas que mesmo assim me faziam sentir que estava viva.




Por Thamara Venâncio

sábado, 26 de maio de 2012

Lembranças ..

Esperando o dia em que o romantismo esteja em alta novamente. Pensando, pensando, pensando. Parece que foi até em outra vida que aconteceu tais coisas. Tenho milhões de motivos para não pensar no assunto, mas depois de tanto tempo passado nem me faz mal, por mais que não tenha tido um final feliz, eu olho, penso, e vejo que eu tinha que passar por aquilo, tinha que viver, perder, aceitar. Pois se nada disto estivesse acontecido, eu poderia me contradizer na primeira frase, e dizer, que o romantismo nunca esteve em alta, e contra diria indignada, mas não, eu presenciei, e gostei, e fui amada, e amei, como se fosse a última coisa boa que faria na minha vida. Eu aprendi tanto, mas tanto, que guardo em mim só os momentos bons, as lembranças, que o tempo insistirá em apagar um dia, que a velhice insistirá em apagar um dia. Uma doença.



Por Thamara Venâncio

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Promessas ..


E  toda vez ela promete que vai ser diferente, mas nunca é. A chance passa, é perdida de vista, e só fica a amargura e o ressentimento. Não tentar nunca, é a única coisa que sabe fazer, se não tiver motivos o suficiente ela inventa. Taí uma ótima coisa que sabe fazer: Inventar. A arte de criar um mundo que ninguém é capaz de entrar, com medo de se machucar, mas mal sabe é que esse medo machuca muito mais que outras coisas. Pobre inocente, tenho pena dela. É tarde demais pra dizer que sente muito. E dizer sempre pra si mesma não vai adiantar em muita coisa.



Por Thamara Venâncio.

sábado, 21 de abril de 2012

Estou cansada de dizer pra mim mesma que vai passar ..
Nunca vai se eu não mudar,
e eu mudo,
só que pra pior.

domingo, 15 de abril de 2012

Is this It?

Se isso for tudo, então a única coisa que me vêm a cabeça para fazer é me despedir, não espere, não chegaria a ser nem uma despedida, não chegaria a tanto, apenas sairia à francesa como sempre fiz, de fininho, sem você mesmo perceber que um dia estive aí. Não vai chegar nem a doer prometo, é tudo psicológico, nada dói afinal, é tudo coisa da cabeça de cada um, pois quando digo que dói, não dói, nada do corpo, nada físico, chega a ser uma dor imaginária, mas que digo que dói mais que cortar a própria pele. Desculpe, dei meu máximo, não posso      oferecer mais do que disponho, se você ao menos tivesse feito a tua parte, mas não, nunca ninguém faz, você não fez, e me culpo por me doar demais, talvez os erros sejam todos meus, que ser humano hoje em dia se dá tanto? Penso que os seres humanos não sejam mais tão humanos assim, já chegam a agir ciberneticamente, como se fossem robôs. Mas esse nem é o ponto, pode-se ver que estou tentando, escrever sem reticências, porque ainda espero que você seja uma, no fundo não quero pôr um ponto final ...


Por Thamara Venâncio

sábado, 14 de abril de 2012

Shadow ..

Pensando na vida, você percebe o quanto ela é incontrolável. Basta olhar pra vastidão dos céus e perceber que dela nada sabemos, é tudo infinito, e não sabemos onde vai parar, nem sequer onde tudo começou. Se é aqui mesmo onde estamos, ou outro lugar desconhecido, se a criação foi realmente proposital, ou se partiu apenas do nada com a matéria propícia. Não temos nada mais além das dúvidas, tudo o que temos são teorias do que poderiam ser, mas ninguém nunca consegue provar nem desprovar, e acaba não sendo. Eras se passam, e nem sequer sabemos de verdade se elas existiram, apenas hipóteses. Está tudo além da verdade. O que nos resta é a imaginação, essa que criou tudo o que acreditamos hoje, mas que não passa além disso. A única coisa que tenho certeza é que tudo é incontrolável. Por exemplo, se a nuvem está cheia, o que a fará impedir que a transborde e chova? A resposta é nada. Nada impede de transbordar o que está cheio demais. Assim como lágrimas, uma hora ou outra ela cai. Está tudo além do nosso controle. Não há como controlar a alegria o tempo todo, podemos ter mil razões para sorrir, e mesmo assim estarmos tristes. Afinal, não sei qual o propósito de tudo, e é bem provável que eu nunca saiba um dia, mas seria um erro tentar descobrir? Pergunta sem respostas é o que mais temos. Tentar preencher lacunas com coisas incertas parece tolice, mas pode ser o que muitos procuram. Não adianta tentar mudar, tentar controlar, o controle não existe, é apenas um termo de privação, que às vezes se colocam em prática, e que muitos depois descobrem que não funciona. Pois como disse, se algo estiver cheio ele transborda, não se tem controle sobre isso, e mais muitas outras coisas no mundo, somos seres guiados pelas sensações. Na verdade, não se tem controle de nada, parece tudo predestinado mesmo. O destino parece ser tudo o que temos. E pra muitos não basta. Para mim já não basta mais. Vivo na penumbra, na sombra. Ou talvez todos nós vivemos, sem exceções.


-Por Thamara Venâncio

terça-feira, 10 de abril de 2012

Daí um belo dia tu é feita de idiota e se pergunta, porque eu?
Porque tem doído, e não sabia como doía.

terça-feira, 27 de março de 2012

Acordem para que eu durma ..

Mas quantas vezes a insônia é um dom? Acordar no meio da noite e ter essa coisa amigável que já faz parte de ti: solidão.
Somente os ruídos da natureza, o cantar dos passarinhos.
Todos ainda dormem, preparo meu café e tomo com gosto, toda sozinha no meu mundo.
Ninguém me interrompe o nada. É um nada tão vazio e rico.
Um nada que só encontra dentro de mim, e ninguém mais tem.
O celular fora de área, nenhuma interrupção.
Fecho os olhos para memorizar esse momento.
Depois vai amanhecendo.
Vou até a janela e talvez eu seja a única a ver a lua se pondo e o sol nascendo, todos acordando, e eu ainda indo dormir, confortavelmente na minha cama, sozinha.
E me sinto feliz por nada, por tudo, por todos!




-Por Thamara Venâncio.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Tá tudo feio. Tá tudo torto. Não tá nada bem. Não tá nada bom. Eu não deveria ter tanta confiança em mim mesma. Vejo a decepção em seus olhos. Não faço idéia do que se passa aqui.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Agradecimentos ..

A felicidade transmuta rapidamente, mas a fase é de bons fluídos, e o que eu sinto de tristeza não tem nada a ver com os acontecimentos, é algo que está preso aqui dentro, como um choro que segurei durante muito tempo, e que agora parece querer desaguar. Tenho tanto a agradecer, que não quero mais perder meu tempo reclamando de coisas que sinto e não sei o que são. Eu quero mais é abrir a janela do carro e deixar que o vento sopre e que leve todas as energias negativas que persistem em ficar. Quero manter todos que gosto perto de mim, sem fingir que não me importo. Queria poder dizer a cada um deles qual foi a importância que cada um teve ao me ajudar a construir o que sou hoje, e que eu não teria chegado até aqui sem os problemas que me acarretaram, pois foi assim que me fiz mais forte, e me preparei para o mundo lá fora, podendo dizer hoje que estou pronta, que sou uma guerreira e que nada mais vai me abalar. Estou ainda em construção, mas minha estrutura é forte o bastante para dar mais um grandioso passo. Que os anjos me protejam e os Deuses me guiem nessa minha jornada, que espero durar tempo suficiente para chamá-la de eterna.



Por Thamara Venâncio.